quinta-feira, 18 de outubro de 2007

SUBLIME

Ontem no CCB


O regresso de Lepage (A Trilogia dos Dragões, em parceria com a sua companhia) ao antigo Jardim Zen da sua peça seminal, surgere a sua forma peculiar de conceber uma peça sobre a memória e a transmissão, um momento para nos dar prazer. Remexe, então, as pedras, para que a magia que se desprende da folhagem, com o perfume do Oriente e do Ocidente, irrompa arrebatadamente.

UMA VALSA NUM BERÇO

Esta fabulosa saga tem a estrutura de uma valsa a três tempos, assinalando a Primavera, o Outono e o Inverno.
No primeiro tempo, uma valsa de Inocência, de premonições e de destinos em declínio.
No segundo tempo, uma valsa de guerra, de viagens e de progresso.
No terceiro tempo, uma valsa de morte e de renascimento.
Esta longa dança migratória viaja entre a Ásia e o Ocidente até as portas do Oriente, levando-nos através de três bairros chineses: Quebeque, Toronto e Vancôver, passando por Hong Kong, Inglaterra, Tóquio, Hiroxima e a China maoísta, perseguindo na trajectória do cometa Halley, os percursos de vida projectados na História universal, entre 1910 e 1985.

A MAGIA DO IMPALPÁVEL

No palco de A Trilogia dos Dragões, o movimento é ciclico, marcado por uma dinâmica ternária, quebrando a lógica da oposição binária entre o mito e a realidade, o corpo e o espirito, a intuição e a razão, a interioridade e a exterioridade, o sublime e o trivial, o trágico e o cómico, A obra materializa-se através dos impulsos, de sensações sugestivas, de condensações temáticas e metafóricas. A dança, o gesto, a palavra, os objectos e a acção formam um corpus, estimulam esta conspiração poética de falas, de linguagens, de códigos, de referências e de citações, de respirações intimas daqueles seres que habitam, vivem e morrem nos corpos dos actores.
Partituras dançadas, reunindo a acção através de movimentos de tai chi e passos de tango.
Personagens e actores que recriam o mundo num retângulo de areia organizado pela luz, pela música, por coreografias, por imagens projectadas num ecrã de publicidade envolvido num ambiente cinematográfico, com muitas imagens e textos poéticos à mistura.

O fumo do ópio, o tai chi os cantos maoístas a musica de Kurt Weill (Youkali) e o momento alto da peça; a musica que finalizou a (I parte - le dragon rouge) que me arrepiou, fizeram desta peça de seis horas (Curta).

applausu applausu applausu
applausu applausu applausu
applausu applausu applausu

Sem comentários: