sexta-feira, 23 de maio de 2008

Missão Berlengas IV


Todos têm os seus momentos de êxtase, o seu secreto sentido da morte, qualquer coisa que lhes serve de apoio. Visitei cada um dos meus amigos, tentando com os dedos inseguros abrir os seus pequenos cofres fechados. Expus-lhes a minha dor - não, não a dor, mas o sentimento de incompreensível mistério da vida - e pedi-lhes que a examinassem comigo. Alguns procuram os sacerdotes; outros a poesia. Eu refugio-me junto dos meus amigos, vou procurar o meu próprio coração, busco qualquer coisa intacta entre frases e fragmentos, eu a quem não basta a beleza que existe na lua e nas árvores e para quem o contacto de uma pessoa com outra é tudo, mas que nem sequer isso consigo estabelecer, permanentemente imperfeito, frágil e indizivelmente solitário.
Vírginia Woolf - As Ondas
http://ebooks.adelaide.edu.au/w/woolf/virginia/w91w/

1 comentário:

Tânia disse...

Tenho andado alheada (é com i?) do mundo cibernautico... Por isso, quando dei conta da enxurrada que aqui ia de histórias que circulam nos nossos e-mailes e da maneira como são sempre as tuas produções- lindas- tive um prazer imenso!!! E é tão bom (re)visitar amigos! E a missão aproxima-se! Estou a ficar nervosa... :) Ontem capturei mais uma companheira, a Luísa, é italiana e ainda não tem cognome:) *