quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O Filho de Saul

Já algum tempo que um filme não mexia comigo de uma forma tão perturbadora ( um dos últimos ; "A Noite Cairá" ), com uma carga diferente ( documental ), conseguimos ver as coisas á distancia ..  O Filho de Saul, mesmo querendo "sair" do filme ou da perturbante narrativa,  lançando um olhar mais técnico e desligando a ficha da história, não conseguimos e a culpa é do Tamas Zanyi responsável pelo som do filme, sendo que o som é um dos elementos mais avassaladores neste retrato de dois dias da vida de um Sonderkommando no campo de concentração de Auschwitz/Birkenau. E da  câmara que ora está agarrada a um grande plano da cara de saul ora segue-o obsessivamente (muitas vezes correndo atrás dele, "colada" às suas costas). De tal modo que, muitas vezes, o horror pode ser expresso "apenas" através do som de um cadáver, desfocado num canto da imagem, a ser arrastado pelo chão.

Estar no espaço de uma pessoa. Acompanhar os seus actos. Estar com ela no Inferno.

"O Filho de Saul é, então, um documentário sonoro (é prodigioso o trabalho de som) sobre o quotidiano nos campos. " 
Imagens por vezes desfocadas dos acontecimentos fora e dentro num ritmo frenético algumas vezes sem diálogos em que só o som permite que o espectador reconheça o que já sabe, que reconstitua com o que imagina.. e aquilo que imagina é dantesco.

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