quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

QUARTO CINZENTO


Embora sentada num quarto que é cinzento,
À excepção da prata
Do papel-de-arroz,
A arrepanhares o teu vestido branquíssimo;
Ou a levantares uma das contas verdes
Do teu colar,
Para a deixares cair;
Ou a contemplares o teu leque verde
Estampado com os ramos vermelhos de um salgueiro vermelho;
Ou, com um dedo,
A deslocares a folha na taça —
A folha que caiu dos ramos da forsítia
Ao teu lado...
O que é tudo isso?
Eu sei a fúria com que bate o teu coração.
Wallace Stevens
(tradução de Vasco Gato)


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